Mais um francês me cativa: "O desafio de Marguerite"
"Matemáticos não podem ter sentimentos". Essa é uma das frases importantes desse filme que foi exibido em Cannes nesse ano e venceu o prêmio do júri técnico de Melhor direção de arte.
Por Denise Correa
Já vi (vocês também) muitos filmes de gênios, matemáticos, que quase enlouquecem na tentativa de decifrar um problema que nunca ninguém resolveu. Ou adoecem. Ou sofrem preconceito… Só pra citar alguns que me vêem à memória: “Uma mente brilhante”, com Russel Crowe, que mostra a história real do matemático americano John Nash (1928-2015), que depois de muita luta, ganhou o Nobel; “Gênio Indomável”, um clássico estrelado por Robin Williams e Matt Damon, lindo e super premiado; “O jogo da imitação”, história real do gênio da matemática e pai da computação Alan Turing (1912-1954). Além das maravilhosas “Estrelas do tempo”…
Bom, mas tudo isso é pra contar que “O desafio de Marguerite” (Le Théorème de Marguerite), que estreia nos cinemas brasileiros no dia 7 de dezembro, é um bom filme. E tem uma trilha sonora singela, mas gostosa. Fiquei encantada com a figura estranha e ao mesmo tempo apaixonante que é a Marguerite (Ella Rumpf). Aos 25 anos, é a única mulher na turma de matemática da École Normale Supérieure (ENS) em Paris. Sua mãe, professora de matemática, vive numa cidade pequena e sonha em ver a filha brilhar no mundo acadêmico. Mas, um erro derruba todas as certezas da jovem que muda de vida radicalmente.
No material sobre o filme, li que a personagem foi inspirada em uma vivência da diretora, quando adoeceu e se afastou dos estudos, e também (acho que principalmente!) na trajetória de Ariane Mézard, uma das grandes matemáticas francesas da atualidade. “Ela foi a primeira pessoa que conversou comigo sobre matemática de uma forma artística e imaginativa, o que me interessa muito como cineasta”, declarou a Anna Novion.
Eu gostei muito da interpretação da Ella, que eu não conhecia. É suíça, mais conhecida por seu papel como Alexia no terror de 2016 “Raw”, que ganhou o Troféu Sutherland no BFI London Film Festival de 2016. Tá explicado porque eu não conhecia. Não gosto de terror, vejo pouquíssimo. Aqui o trailer pra dar um gostinho….
“O Desafio de Marguerite” fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes de 2023, onde venceu o prêmio do júri técnico CST Young Film Technician Award, pela direção de arte assinada por Anne-Sophie Delseries. A distribuição é da Synapse, do grupo Sofa Digital.
Eu gostei muito mesmo de algumas músicas do filme. E destaco elas aqui. Já estão salvas na minha playlist ‘Substack’, inclusive. Hoje lavei louça ouvindo, maior astral. A maior parte da trilha original me parece que foi composta por Pascal Bideau. Eu amei uma faixa que dura mais de 7 minutos: “"La Folie" de Pascal Bideau. “Générique” e “L’ENS” também são muito boas. Instrumentais, piano excelente nessa última. A cena moderninha na balada me lembrou meus tempos de Roma. Pra quem não sabe, com 20 e poucos anos, morei lá e íamos muito dançar música africana, era maravilhoso. Aqui no Brasil, quando voltei, também frequentei lugares na Angélica e em Pinheiros onde dançei muito. Essa é cantada em espanhol, mas me fez viajar no tempo: "tic tic de Dua Saleh e Haleek Maul)" A única amiga que a Marguerite faz no filme faz um papel pequeno, se chama Noa, dançarina. Linda.
Não deixe de assistir ao filme. E depois me conta o que achou.